31 de julho de 2010
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Poderia o Reiki ser descrito cientificamente?

Eulalia Fernandes

“Se perguntarmos a um físico por que um sapo pula, ele não saberá responder. Mas se lhe dissermos como se constitui um sapo, como são suas moléculas, como se posicionam seus nervos, etc, ele terá base para resolver a questão” (Feynman, 1999, 110). Do mesmo modo, para que possamos descrever as características e o funcionamento do Reiki, é necessário que as questões propostas possam ser colocadas de uma forma que permita ao reikiano ter subsídios de pesquisa partindo do seu campo de atuação. Os dados são específicos a seu campo de saber e, na maioria das vezes, não são tão “objetivos” como determina o cartesianismo acadêmico, mas isso não quer dizer que a metodologia de análise não possa ser científica. Afinal, quantos campos de saber não conhecidos ou reconhecidos em sua época foram condenados como desclassificáveis, no decorrer da história da humanidade, até que os homens os aceitassem como plausíveis e factíveis?

Mas o que geralmente se propõe a um reikiano são perguntas como: “o Reiki cura câncer?”. Assim como seria impossível propor a um físico responder simplesmente por que um sapo pula, é impossível pedir a um reikiano que responda a esta questão. Isto porque as propostas de análise do terapeuta reikiano não estão voltadas ao campo da doença, campo que não lhe cabe dominar, a não ser que, além de reikiano, seja também um médico. Como terapeuta holístico, que é o que caracteriza o status funcional de um reikiano, não está prescrita a possibilidade de responder ao domínio de um campo que não lhe pertence, assim como ao físico não cabe responder a perguntas, se não lhe derem os dados necessários à resolução das questões que lhe são propostas. Se, no entanto, a questão for colocada dando-lhe subsídios para perceber, analisar e entender a causas de desequilíbrios energéticos de uma pessoa da qual a medicina tradicional tem um diagnostico de câncer, então, sim, ele terá condições para supor as causas de desequilíbrios (geralmente baseadas em emoções negativas, como a mágoa, o sentimento de perda, a rejeição, o abandono, a tristeza profunda e outros padrões emocionais) que provocam o adensamento energético de tal desequilíbrio no nível físico. Baseado nisso – porque este é o seu campo de saber -, poderá, então, supor o quanto de empenho no  restabelecimento dos centros energéticos é necessário, bem como que tipos de energia poderiam ser propícios para a recomposição desses campos energéticos, embora não lhe caiba assegurar a recomposição deste reequilíbrio nem, evidentemente, o restabelecimento da saúde. As razões desta suposição estão pautadas nas descrições de como um terapeuta holístico atua e quais as funções que lhe cabem analisar. Isso não quer dizer que ele esteja empenhado em enveredar-se pelo campo da medicina. Muito pelo contrário: não lhe cabem estas incursões, do mesmo modo que não cabe ao físico explicar por que o sapo pula. Assim, a não ser que dêem ao físico ou ao reikiano subsídios próprios a seus campos de saber, estas questões não podem ser analisadas ou resolvidas. Em outros termos, um reikiano voltado a estudos e pesquisas estará empenhado em resolver as questões que lhe são colocadas em sua linguagem específica e pautadas não apenas em seus conhecimentos, mas, principalmente, na visão que lhe é permitida à análise do mundo que o cerca.

No entanto, o que estabelece a diferença entre a aceitação da descrição do físico e da descrição do terapeuta reikiano  é que , de modo geral, os leitores que analisam uma resposta de um físico prontamente a reconhecem como válida, apenas pelo status a ele conferido pela sociedade científica. Uma resposta de um terapeuta reikiano, ainda que pautada em análises objetivas e consistentes de descrição de casos terapêuticos, dificilmente é aceita como resposta plausível, mesmo que os resultados de sua atuação e suas pesquisas em nada desmereçam os critérios metodológicos utilizados para o alcance de suas metas e mesmo que suas descrições em muito se assemelhem às de um físico, que só descreve “por que um sapo pula”, se estiver em consonância com a adequação dos dados que lhe são fornecidos.

Por que será que isto se dá desta forma?

O que posso supor é que, se um reikiano diz que não pode responder a perguntas como a que foi citada acima, sua terapia quase sempre é criticada como algo que, então, nada acrescenta a qualquer tratamento, mesmo quando se coloca como terapia complementar (que é o que caracteriza a terapia holística).  Respostas evasivas são permitidas à medicina:  “não podemos dizer mais nada a respeito desse caso; fizemos o que estava a nosso alcance”. Mas se uma resposta a este nível é dada pela terapia holística, como por exemplo: “cabe-nos trabalhar a energia que provoca este estado de desequilíbrio e cabe ao receptor trabalhar esta energia e metabolizá-la a seu favor”, somos imediatamente condenados como pessoas que se pautam em respostas consideradas vazias, pois, “Afinal, então, para que servem essas terapias?” ou “Por que você perde tempo e dinheiro com isso? Nada pode ser provado em torno desse tipo de tratamento…”

O trabalho terapêutico do reikiano, bem como a do terapeuta holístico, em geral, volta-se para a reconquista de um equilíbrio perdido ou para a manutenção deste equilíbrio e não poderá prescindir da real predisposição da pessoa afetada para a reconquista da sua saúde, ou seja, trabalhar as energias que geraram esse desequilíbrio. Neste sentido, as energias terapêuticas do Reiki são bastante propícias para ajudar a trabalhar os corpos físico, emocional e mental, como veremos em outros artigos. 

O que importa ressaltar, aqui, é que não cabe ao reikiano simplesmente responder se “o câncer tem cura” porque uma resposta direta, nesse sentido, foge a seu campo de saber. Estas questões se baseiam em causas que apresentam inúmeras variáveis, tal como acontece com a maioria das ciências. E, como ocorre com os cientistas que procuram por suas respostas, o reikiano também vê, em cada caso, um universo de pesquisa e não uma fórmula mística a ser respondida indiferenciadamente.

De qualquer forma, a descrição dos fenômenos científicos, muitas vezes, tolera respostas evasivas, pois o que verificamos é que, na descrição desses fenômenos (destaco a Física, por exemplo), os experimentos seguem uma “belíssima” linha de raciocínio, num padrão que a linguagem científica atual está habituada a aceitar.

É comum aos físicos, portanto, dizerem, com freqüência, que uma questão qualquer, em análise, talvez não apresente uma resposta verdadeira, pois, afinal, a “natureza não tem de concordar com o nosso raciocínio” (Feynmam, 1999, 124). Alguns dos pressupostos podem estar errados ou é possível que se tenha cometido um erro de raciocínio, de modo que é sempre necessário verificar. 

 Tal tolerância, no entanto, de modo geral, não é concedida a uma descrição terapêutica reikiana, pelo simples fato de que é comum não aceitar que um reikiano também seja capaz de usar metodologia científica para descrever seus dados. O problema se dá, portanto, não apenas porque seus dados, quase sempre, fogem a um conhecimento tradicionalmente científico, mas porque dificilmente, a sociedade científica está disposta a reconhecer, a priori, que isto também pode ser feito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FEYNMAN, R. P. Física em seis lições. Rio de Janeiro, Ediouro, 1999.

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