20 de junho de 2010
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Sobre a terapia holística – introdução

 

Eulalia Fernandes

O pensamento ocidental, voltado para a interpretação do ser humano, contemplou essencialmente uma visão baseada no racionalismo, segundo a qual tratar da saúde e da qualidade de vida representava saber “decodificar a máquina humana” em seus mais variados aspectos. Em outros termos, restringiu-se a tratar das funções, dos sistemas e de todos os outros componentes que constituem a matéria física, em suas particularidades e especialidades.

Nos últimos anos, no entanto, principalmente na última década, estudos e pesquisas têm-se sensibilizado no sentido de voltar sua atenção para outros enfoques, e a própria Ciência passou a buscar entender o homem sob outros aspectos. Esta nova lógica de interpretação está, finalmente, em desenvolvimento, sob a responsabilidade de estudiosos que, em diversos campos do saber, seja na área científica, tecnológica ou das ciências humanas, buscam referir-se às questões que envolvem o ser humano, sob novas bases de conhecimento. A terapia holística inclui-se entre estes novos saberes.  Particularmente, visa buscar a saúde e a qualidade de vida contemplando o ser humano como um todo, que é o que significa o termo ‘holístico’, palavra proveniente do étimo grego ‘holos’ (todo).

Assim, nos termos de Pierre Weil (1990), poderíamos dizer que “uma visão holística do homem é uma visão que se refere ao conjunto, ao todo, em suas relações com as partes, à inteireza de todos os seres”.

Em 1931, na primeira edição do livro “O segredo da flor de ouro”, escrito em parceria com Wilhelm, Jung já alertava para as questões que envolviam os estudos científicos na interpretação do homem:

A ciência não é um instrumento perfeito, mas nem por isso deixa de ser um utensílio excelente e inestimável, que só causa dano quando é tomado como um fim em si mesmo. A ciência deve servir e erra somente quando pretende usurpar o trono. Deve, inclusive, servir às ciências adjuntas, pois devido a sua insuficiência, e por isso mesmo, necessita de apoio das demais. A ciência é um instrumento do espírito ocidental e com ela se abrem mais portas do que com as mãos vazias. É a modalidade da nossa compreensão e só obscurece a vista quando reivindica para si o privilégio de constituir a única maneira adequada de apreender as coisas. (2001,24)

Este enfoque sobre a visão do científico e do homem impulsiona os aspectos teóricos fundamentais da terapia holística. Colocarmos a ciência ao lado e não adiante nem atrás na análise do conhecimento do homem é, a nosso ver, cumprir adequadamente a função de prestigiar o enfoque holístico sobre as questões universais. É, assim, agrupar, nas palavras de Weil (1990, 27), os quatro campos do conhecimento moderno (arte, religião, ciência e filosofia), tornando possível reunir as funções psicológicas no plano individual, através de terapias ocidentais e orientais e admitir uma abordagem holística do real através:

  • da transformação individual graças à identificação e à dissolução dos obstáculos do plano humano;
  • do fornecimento de um apoio para a transformação cultural no plano da sociedade a partir de uma harmonia entre o homem e todos os outros seres;
  • do retorno a uma relação harmoniosa com a natureza e o universo em geral.

Pautando-se nestes princípios e sem a intenção de substituir os métodos tradicionais, os estudos que envolvem a terapia holística propõem apresentar possibilidades de descrever, analisar e cuidar do ser humano, buscando entender, restaurar ou preservar sua saúde e a qualidade de vida.

É sob esta visão que vemos enquadrar-se o terapeuta holístico. Para alcançar este objetivo, o trabalho do terapeuta junto a seu cliente é o de perceber continuamente o conflito mental ou emocional mais evidente e buscar os recursos que possam ajudá-lo a superar este estado e, ao mesmo tempo que estimula a sua coragem de recuperar-se, deixar que a força interior do próprio cliente atue sobre ele mesmo, pois “todo verdadeiro conhecimento vem apenas de dentro de nós mesmos, através da comunicação silenciosa com a alma” (Bach, 1991, 197).

 Todas essas questões que tratam direta ou indiretamente da busca pelo conhecimento de si mesmo encontram, na terapia holística, uma força complementar para a transmutação de estados energéticos mentais e emocionais que são a sede do equilíbrio interior. O ser humano, como tudo na natureza é composto de energia e, por isso, está em constante troca com o ambiente que o cerca. Os padrões energéticos tanto do indivíduo quanto do ambiente que o cerca influenciam-se mutuamente podendo provocar tanto desarmonia e conflito quanto harmonia e desenvolvimento interior. Os corpos mais sutis, responsáveis pelos padrões dos níveis mental e emocional, funcionam em constante mutação, o que provoca uma constante transformação da energia. O que determina a qualidade dessa transformação é a qualidade dos pensamentos e das emoções geradas pela pessoa. Assim, a terapia holística procura recursos que ajudem os indivíduos no resgate ou na manutenção de padrões mais harmônicos que possam beneficiar e facilitar a recuperação ou manutenção do equilíbrio interior.

Os artigos que pretendo postar neste blog tratarão da análise e da extensão desse conhecimento, propiciando ao leitor, sempre que assim o desejar, a observação, a análise e a qualificação desse saber.

 Referências bibliográficas

  1. BACH, Edward. A terapia floral: escritos selecionados de Edward Bach – sua filosofia, pesquisas, remédios, vida e obra. São Paulo, Ground, 9 ed., 1991.
  2. JUNG, C. et WILHELM, R. O segredo da flor de ouro.Petrópolis, Vozes, 11 ed., 2001.
  3. WEIL, Pierre. Holística: uma nova visão e abordagem do real. São Paulo, Palas Athenas, 1990.
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   Os homens gostam de contemplar o  mundo com os olhos de Deus e de compreender os segredos do além, por meio  do pensamento humano. (Pierre Weil) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 
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